Wednesday, February 24, 2010

O Amor

Louvem a Deus, o Senhor,
Porque Ele é bom,

E porque o seu amor dura Para sempre


II Crónicas 7:3
Não sei se se lembram, mas já há uns tempos falei aqui num site de devocionais, que subscrevi – Iluminalma. Pois bem, na última semana fui bombardeada por versículos que falavam de amor. Amor, amor, amor. Todos os dias amor. Aquilo, juntamente com o facto de eu estar acabadinha de chegar do RAGA, mexeu comigo e pensei inclusivamente várias vezes “tenho de escrever um artigo sobre amor”. Acontece que este é um tema complexo e eu fui deixando passar e fui escrevendo outras coisas, até que ontem algo que eu não esperava aconteceu.

Cheguei à aula de teatro pensando que iríamos ensaiar para a Changemakers Night - um evento criado pelo Ministério de Teatro, que é uma espécie de café-concerto mas com muito teatro, comunhão e criatividade, com um objectivo nobre, dar a conhecer de forma criativa o nosso Deus. Estava enganada. Não houve um ensaio dito “normal”, houve sim uma dinâmica de grupo no mínimo inusitada. Não vou contar, mas posso-vos dizer que envolveu uma cruz, elásticos, os membros do grupo, oração, algumas lágrimas e muita imaginação, tudo ao som de “One”, dos U2, que se diz que foi escrita por alguém do mundo evangélico. E então voltei a lembrar-me daqueles versículos todos, do Amor e do texto que não cheguei a escrever.

Hoje gostava de falar de Cruz. Gostava de falar de Amor.

O dicionário descreve as palavras Cruz e Amor da seguinte forma:
  • Cruz: do latim crux, crucis, instrumento de suplício, cruz, forca, tortura, dor Substantivo feminino que designa Qualquer sinal ou objecto formado por duas partes que se cortam. No sentido figurativo significa tormento, aflição, trabalhos, desgostos.
  • Amor: do latim amor, -oris. Substantivo feminino que designa um sentimento que induz a obter ou a conservar a pessoa ou a coisa pela qual se sente afeição ou atracção! Afeição forte por outra pessoa. Paixão ou grande entusiasmo por algo.

E agora a minha definição. Eu não vou separar as duas palavras. Para mim Cruz é sinónimo de amor, uma não pode ser dissociada da outra, não podemos falar de Cruz sem falar de amor e não podemos falar de amor, sem falar de cruz.

Não atingiste? Então segue o meu raciocínio…

O amor é o princípio e o fim de todas as coisas. Sem amor, eu nada seria”, diz Paulo na I carta aos Coríntios, cap. 13, v.2. Aliás, Paulo faz a descrição mais maravilhosa de Amor que eu conheço:
"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha."
Esta é a versão que a maioria de nós conhece, agora leiam a tradução na linguagem de hoje.
Quem ama é paciente e bondoso. Quem ama não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. Quem ama não é precipitado, nem egoísta, não se irrita, nem guarda mágoas. Quem ama não fica alegre quando alguém erra, mas alegra-se quando alguém faz o que é certo. Quem ama nunca desiste, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência. O amor é eterno.
Tomei a liberdade de transcrever aqui estas duas versões por um motivo especial. Qualquer uma das duas foca as qualidades do amor, as suas características puras e despretensiosas e dizem praticamente a mesma coisa, mas no versículo 8 as traduções são diferentes. Reparem, numa lemos “O amor nunca falha” e na outra “O amor é eterno”. Achei delicioso este pormenor.

Não vamos ficar presos à tradução em si, mas aquilo que isto nos diz, ao significado destas palavras. A maior característica do amor (e espero que concordem comigo quando penso que não é por acaso que é a última a ser enumerada) é a sua infalibilidade (no caso da primeira tradução) e a sua eternidade (no caso da segunda). Portanto o amor não tem erro e é para sempre. Isto lembra-vos alguém? A mim lembra-me o meu Pai. Também Ele não tem erro, nunca falha e é eterno.

Se calhar não tinhas entendido a frase com que dei início a este texto: O amor é o princípio e o fim de todas as coisas. Creio que agora compreendes o que quis dizer, certo? “Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim” (Ap 21:6) Se Ele é o princípio e o fim, então o amor é algo que nos move desde o início da criação.

Foi o amor que moveu Deus quando criou os Céus e a Terra. Foi o amor que O moveu quando nos criou. Lembras-te das palavras de Génesis 1? “e viu Deus que era bom”. Seis vezes são ditas estas palavras para referir tudo aquilo que o Senhor havia criado.

Achas que é por acaso? Então vou-te contar mais uma coisinha para te deixar a pensar. Sabias que em algumas versões da Bíblia, a palavra benignidade é traduzida como amor? Não? Pois, mas é. E se eu te disser que ser benigno, segundo o dicionário, significa ser bom? Começas a perceber onde quero chegar? Benignidade é uma qualidade que é atribuída a Deus várias vezes nas Escrituras – confirma alguns destas referências: Salmos 26:3; 36,10; 86:5; 94:18; Jeremias 16:5.

Se Deus é bom, se Ele é amor desde o princípio e se tudo o que Ele fez (o que nos inclui a nós) é bom, então isso é algo que nos move também desde o início. Quando o pecado entrou no mundo com a desobediência de Adão e Eva, todos nós seres humanos nos tornámos pecadores. Romanos 3:23 diz:
Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;
No entanto, Deus é misericordioso e, mais do que isso, Ele é AMOR. Por isso, tal como a este versículo, também à humanidade ele acrescentou algo precioso, que veio restaurar aquilo que nunca deveria ter deixado de ser.
Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.
Pela graça de Deus, que deu o seu filho amado por nós (Jo 3:16), e pelo sacrifício de Jesus na Cruz, todos fomos justificados, ou seja, fomos provados inocentes, declarados justos e a condição natural de pecadores que tínhamos foi-nos retirada. Pela Sua graça somos salvos.
Isso quer dizer que o mundo inteiro agora já não é pecador, que todos estão salvos e vão direitinhos para o Céu automaticamente porque Jesus um dia morreu por nós? Não. Mas isso é possível exactamente porque Jesus veio e nos libertou.
Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (1Co 5:21)
Todos podemos voltar a ver a glória de Deus e entrar na sua presença, podemos voltar a viver em amor (apetece-me chamar-lhe assim, “viver em amor”) como no princípio dos tempos, porque Jesus já foi à Cruz por nós e levou os nossos pecados, mas há algumas coisinhas que temos de fazer primeiro, temos de reconhecer tudo isto como sendo não uma verdade, mas A verdade. Este texto não é sobre Salvação, mas já que falamos nisto, saibam que “pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” (Ef 2:8)

Deus fez a parte Dele, Jesus também, agora temos de fazer a nossa. Depois de pela fé conhecermos a verdade, temos de vivê-la. Então temos de seguir regras para podermos ser salvos? Não, temos de fazer escolhas. Deus deu-nos algo chamado livre arbítrio, que nos permite escolher o caminho que queremos percorrer. Podemos escolhê-Lo a Ele, ou não.

Ontem na aula de teatro foi-nos entregue um boletim de oração com um versículo do segundo livro de Crónicas e que de repente me fez sentido usar aqui, para nos fazer pensar um bocadinho.
E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados” (2Cr 7:14)
Jesus teve condições que tinha de cumprir para fazer a parte Dele, certo? Não podia pecar, tinha de ser traído e tinha de morrer na cruz. Então, se queremos fazer a nossa parte, eis as nossas condições:
  • Humilhar – humilhares-te é seres humilde, implica assumir uma atitude de submissão diante do Pai. Humilhares-te é entregares-te totalmente, sem reservas ao amor de Deus. Rende-te a Ele e prostra-te na Sua presença;
  • Orar – orar não é mais do que falar com Deus, entregando-lhe a nossa vida, as nossas dúvidas, os nossos sonhos, os nossos pensamentos. Mais do que as nossas palavras, quando orares lembra-te que Deus quer o teu coração;
  • Buscar a face – buscar algo implica uma procura contínua. A face de Deus é a Sua presença. Então buscar a face do Pai significa procurar a Sua doce presença. Tens feito isso ultimamente, ou o tempo está demasiado ocupado com os novos episódios do Dr.House?
  • Converter dos maus caminhos – converter significa mudar, transformar, substituir algo, neste caso os nossos caminhos. Temos de nos arrepender dos nossos pecados e, se esse arrependimento for genuíno, abandoná-los.
Deus faz uma promessa a todos os que fizerem isto… Ele diz “Então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados

Se na primeira parte do versículo Deus só pudesse usar uma palavra, sabem o que eu acho que Ele diria? “Amem-me e eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados”. A sério, tudo se pode resumir ao amor, ao verdadeiro amor, que é a essência de Deus. E se nós amarmos a Deus não há como não querer fazer tudo o que Ele nos pede, tudo o que é bom e agradável aos seus olhos. Afinal, esse é o primeiro mandamento:
"Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento." (Mateus 22:37)

Mas sabem o que é mais extraordinário? É que nós podemos amar,  porque Deus nos amou primeiro... Não fui eu que inventei, é a Bíblia que diz:
Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho” (1João 4:10)

Foi o amor que nos criou, foi por amor que Deus enviou o Seu filho, foi por amor que Jesus morreu na cruz (sim, porque só amando muito o Pai é que Ele obedeceria a uma ordem daquelas), portanto, foi o amor que nos salvou.

E se o amor nos salvou, como acham que nós conseguiremos levar outros à salvação? Adivinhem… sim, é o amor outra vez! Só com amor alcançaremos outras vidas. Ah mas eu posso trazer alguém para a igreja sem o amar. Sim, poder até podes, mas a Bíblia não diz “tragam pessoas para a igreja”, ela diz “Ide e fazei discípulos” (Mt 18:19), o que não é bem a mesma coisa…

Além disso, amar o próximo é mandamento:
 Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros (João 13:34)  
Portanto ou amas, ou amas. E mais, se queremos ser discípulos de Cristo, temos de amar. E mais uma vez, não sou eu que digo…
"Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” (João 13:35)
Tudo em Deus converge num acto de amor. Reparem, servir é um acto de amor, perdoar é um acto de amor, ser fiel exige amor, unidade só existe quando existe amor, compaixão implica amor, partilhar implica amar. Para tudo é preciso saber amar. Mas amar não é um sentimento, amar é uma escolha.
Nós amamos porque ele nos amou primeiro.” (1João 4:19)

Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado.” (1João 4:12)

1 comment:

  1. Olá! Que mensagem linda! Vale lembrar que quando ansiedade existe dentro de nós, estamos automaticamente dizendo "Deus eu não confio no senhor".
    Amei suas belas palavras, que DEus contineu te abençoando cada vez mais. Falei sobre a ansiedade em um dos post. veja:
    http://maisquecharmeoficial.blogspot.com/2010/02/deixe-ansiedade.html

    **Obrigada pela sua visita e por estar me seguindo.
    Vou seguir seu blog, uma benção e sempre que eu puder vou estar aqui. E não deixe de passar em meu blog, pois todos os dias uma mensagem nova para nós mulheres cristã.

    Um forte abraço;

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Obrigada pelo teu comentário. Deus te abençoe.