Thursday, January 21, 2016

É TEMPO... DE FRUTIFICAR!


O ano já começou há quase um mês e eu ainda não consegui escrever-vos. Já perdi a conta às vezes que tentei acabar este texto. Tenho tentado, juro, mas entre trabalho, semana das Primícias na igreja, dores de cabeça (grrr), fisioterapia (um problemita nas costas, mas nada de grave, não se preocupem) e outros compromissos, não tenho mesmo conseguido. Ando numa luta com o tempo e com as rotinas e sinto que, por mais que corra, nunca é suficiente para fazer tudo o que quero. Serei a única com esta sensação? Não sei se sou eu que sou desorganizada ou se simplesmente estou a colocar as minhas expectativas demasiado lá em cima, mas tenho fé de que hei-de chegar lá! Tenho um ano inteirinho pela frente... :) E por falar nisso, um feliz ano gente maravilhosa!

O meu 2015 não teve o desfecho que eu queria e, tenho de confessar, isso abalou-me. Chorei no último dia do ano "velho" e fiquei bastante vulnerável no início deste ano "novo". Pena que nós humanos não temos aqueles botões de "reset" em que podemos carregar no dia 1. Nós humanos precisamos de lidar com a frustração que ficou do ano "velho" no ano novo. É que apesar de dois tempos totalmente diferentes (espiritualmente falando), a verdade é que aquilo que os separa, fisicamente falando, é apenas um dia, umas horas. E quando estamos com o coração aos saltos (não necessariamente de alegria) e temos de por um sorriso na cara e fazer-nos de fortes para celebrar a meia-noite, não é fácil, porque não temos tempo de digerir tudo, não temos tempo para fazer enterrar o ano "velho" e fazer o "luto". Ou até é, por instantes, se pensarmos nas coisas boas que temos a agradecer e se colocarmos a nossa fé no novo que podemos vir a alcançar. Foi o que eu fiz. 

Mas depois do baile no castelo, a Cinderela voltou para casa e só tinha um sapatinho. E, de repente, já era um novo dia, novo ano, mas o sapatinho da noite anterior ainda permanecia. Quantas "Cinderelas" temos por aí? Aposto que não sou a única... Quantos de nós perderam um sapatinho em 2015 e entraram a coxear em 2016? E entendam, não estou a falar de pecado, nem nada disso. Estou a falar de sonhos. Quantos sonhos tens tu almejado e que parece que nunca mais chegam? Desejaste-o/s no ano que passou e no anterior, e no anterior a esse e sabe-se lá há quantos anos andas a sonhar com ele, e a tua fé leva-te até ao último dia do ano, todas as vezes, apenas para seres confrontado com a realidade - ainda não é o tempo. 

É duro isto. Eu sei, acreditem. E olhem que eu sou uma mulher de fé! Mas a fé não invalida a tristeza e o choro e o desejo de que a vontade de Deus fosse diferente, ou melhor, fosse igual à nossa... Jesus também chorou. Muitas vezes quando oro digo a Deus que gostava que a vontade Dele fosse igual à minha, mas como sei que nem sempre isso é possível, peço-Lhe que faça a Dele, mesmo que me custe. E peço-Lhe outra coisa, que me ajude a suportar a dor da espera e a aprender com tudo o que Ele me dá. 

Então, este texto não era para ser isto, mas é preciso que todos nós aceitemos que não faz mal ser humano e talvez alguém que me vai ler precise de "ouvir" isto. Não faz mal. Vai ficar tudo bem. Não vou ser hipócrita e dizer que 2015 terminou maravilhosamente bem e que 2016 começou melhor ainda. Não foi assim. Muitas vezes não é. E provavelmente não é só comigo. 2015 não acabou como eu queria, mas acabou como Deus queria e isso basta-me. Chorei, mas entreguei-Lhe tudo, como fiz no resto do ano. É aqui que reside a diferença. Seja como eu quero ou não, Deus é fiel e continua a ser digno da minha adoração e da minha gratidão. Ele sabe mais e Ele tem o melhor para mim! E para ti. 

2016, sendo um dia depois do fim que eu não queria, não foi, obviamente, o início que eu esperava. Eu preciso de tempo. Nós precisamos. De tempo para encaixar, para pensar, para ultrapassar. Há um tempo para todas as coisas e Deus não se ofende com isso. Ele conhece o nosso coração e Ele, melhor do que ninguém, entende o turbilhão de emoções que vivemos. Ele só deseja que as vivamos com Ele, perto Dele. Porque Ele pode ajudar. O Consolador habita em nós. O Espírito Santo tem o bálsamo de que precisamos.

Apesar de tudo o que descrevi atrás, no entanto, tenho de admitir que 2015 foi um ano de muito crescimento. Aliás, se eu tivesse de escolher uma palavra para definir 2015 seria essa mesmo - crescimento. E ninguém cresce sem dores. As tristezas, as perdas, as frustrações fazem parte da vida e são elas que nos ensinam quem somos. Elas trazem ao de cima o melhor e o pior de nós. Mostram-nos as nossas fraquezas e revelam a força do nosso carácter e da nossa fé.

Mas 2016 vai ser melhor. Se nós permanecermos Naquele que nos fortalece. E alguns podem dizer "ah mas disseste que 2015 não acabou como querias, como sabes se não acontece o mesmo em 2016?". A verdade é que não sei, apenas posso acreditar, ter fé de que não será assim. Mas, ainda que fosse, eu estaria novamente aqui a escrever-vos que Deus é digno do nosso louvor e da nossa confiança, porque o meu coração está Nele e não no que Ele me dá, ainda que às vezes possa ficar triste quando Ele escolhe não dar. É preciso que tenhamos isto bem esclarecido dentro de nós.

E, da mesma forma, é importante lembrar que um sonho não realizado (ou mais) não pode determinar o teu sentimento em relação a todo um ano. Mesmo que o fim não seja o que desejas, ou colocando a coisa de outra forma, mesmo que no fim da corrida não chegues em primeiro lugar, não podes esquecer tudo o que aprendeste e recebeste até aquele momento. Isto sim é determinante. A tua atitude. Podes chorar, babar, mas é preciso ser grato por tudo. Até pelas derrotas, ou melhor dizendo, especialmente pelas derrotas. É que ganhar é fácil, mas é na derrota que se vêem os verdadeiros campeões. 

Mas estava eu a dizer que 2016 será muito melhor, porque eu quero também ser muito melhor. Estão comigo? Se estão, quero declarar na vissa vida uma palavra que creio que Deus trouxe para a minha vida e que já partilhei no Facebook no início do ano.

E te farei frutificar grandissimamente... Génesis 17:6


Creio com todas as minhas forças que este ano será de frutificação. Sementes que muitos de nós plantámos, regámos e nutrimos nos últimos anos e que ainda não vimos dar fruto, eu creio que veremos neste ano. E frutos falam de muita coisa. Pode ser algo externo a nós como casamento, filhos, ministério, carreira, amizades... mas também pode ser algo interno e profundo, o fruto do espírito por exemplo. Quem sabe se não tens pedido a Deus paciência, amor, domínio próprio, mudança no teu carácter... ou pode ser um dom... na verdade só tu e eu sabemos que fruto vamos receber, porque só nós e Deus conhecemos as sementes que temos lançado na terra. 

Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. João 12:24

Foi Jesus quem disse estas palavras. Fê-lo pouco antes de ir à cruz. Falava, creio, de si mesmo. Importava que Ele morresse, para então gerar vida em nós! A vida que nos fora roubada pelo pecado. Cada vez que a semente da Vida e da Verdade é plantada nos corações, cada vez que alguém O reconhece como o Salvador que Ele é, nasce um fruto. Nasce um filho de Deus. Ele, Jesus, foi a semente mais preciosa de todos os tempos. Morreu e por causa disso hoje todos nós podemos ter vida e vida com abundância. Cada um de nós é o Seu fruto. E todo o fruto tem o poder de gerar mais fruto ainda. Este é o meu desejo para 2016, frutificar! Mas para que isso aconteça, para frutificarmos, há todo um processo que é preciso respeitar...

Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto. João 15:5

Toda a colheita começa primeiro pela semente. Ao pesquisar para este texto descobri algo curioso, sabiam que na natureza a germinação acontece quando as sementes caem no solo durante o inverno? E tem sido assim na vida de muitos de nós. Que longo inverno temos vivido, verdade? Tanta semente temos lançado, mas parece que o tempo está contra nós. Alguns até têm questionado se as terão lançado em terra fértil... "O que fiz eu de errado?"... Nada, mas há um tempo para todas as coisas. 

Regra geral, as sementes precisam de ser primeiramente enterradas, não muito profundamente, apenas o suficiente para se agarrarem à terra num primeiro momento. Na verdade, a primeira fase do processo de germinação acontece debaixo da terra, onde ninguém pode ver. Quando olhamos para o vasinho onde semeamos a nossa planta, achamos que não se passa nada porque não vemos nada, mas lá porque tu não vês não quer dizer que não esteja a acontecer algo. Da mesma forma na nossa vida espiritual, andamos por fé, e não por vista (2 Coríntios 5:7), certo? 

Enquanto os teus olhos (e os de todos os outros ao redor) vêem apenas um vaso cheio de terra, Deus está a cozinhar algo extraordinário. Depois de plantada, ou enterrada, se preferirem, a semente cria raízes. 

Uma vez fortalecidas as raízes e bem firmes na terra, uma pequena planta começa a nascer. Mas tu ainda não a vês. "Como assim, se a planta nasceu, eu já não a devia ver?" Esta é a minha parte preferida. Geralmente não pensamos muito nisto, mas na verdade a planta começa a desenvolver-se primeiro debaixo da terra e só depois então, seguindo o seu caminho de crescimento, rompe o solo. Quando isto acontece, dizemos que a semente brotou. 

Brotar é semelhante a um parto. Implica esforço.  Depois de um tempo de "gestação", aquela pequenina semente transforma-se numa mini-planta, que precisa de fazer força para sair, para romper a terra e ver, finalmente, a luz do sol! 

Quantos de nós estamos neste processo... de romper! Tem sido tão difícil e tu não entendes porquê... pensas que nada está a acontecer, mas não é verdade... Há vida debaixo dessa terra, os abanões que tens sentido é, na verdade, a semente a fazer força para brotar!

Todos vêem o broto e, mais tarde, a planta adulta, mas ninguém vê a semente enterrada, as raízes e o caule que nasce ainda debaixo da terra. A maioria das pessoas dá mais valor à planta já visível, especialmente quando ela é já madura, cheia de folhas e muito bonita, mas Deus sabe o que se passa lá dentro, debaixo da terra. Ele valoriza as pequenas coisas, Ele valoriza a semente e a forma como ela se esforça para sobreviver e ser aquilo que ela foi criada para ser.

O ser humano tem tendência a desvalorizar aquilo que não vê, mas esse tempo é precisamente o que vai determinar a sobrevivência daquela futura planta. É o que vai dizer quem ela será: uma árvore frondosa e frutífera, ou uma plantinha raquítica, com folhas escassas e que morre em menos de nada.

Um erro genético na semente, uma falha na rega, ou a terra errada, bastam para que aquela planta não tenha futuro e nunca venha a dar fruto. Por isso, não desvalorizes esse tempo. 

É quando ninguém vê que o Pai pode trabalhar na tua vida de forma mais eficaz. Lembram-se das sugestões de Jesus? Orar de porta fechada, onde ningúem visse; ofertar sem ninguém saber quanto; jejuar sem que os outros percebam que o fazemos?... É no secreto que Ele mais age. 

Quando ninguém está a ver, Ele está a trabalhar em nós, a fortalecer-nos, a ensinar-nos, a moldar-nos. Lembra-te que o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração. (1 Samuel 16:7)

Para darmos fruto, é preciso primeiro passarmos por todas estas fases. Para dares fruto, precisas de ser semente e de brotar primeiro. E para colheres algo na tua vida, é preciso primeiro fazeres a devida sementeira e, da mesma forma, é preciso que também ela passe por todo este processo. 

E se achas que semear e brotar é difícil, garanto que crescer e dar fruto não é menos. Imagina seres uma plantinha frágil, acabada de brotar, num mundo cheio de coisas assustadoras... a lutar para sobreviver debaixo de um sol forte e poderoso que te pode queimar, a tentar escapar dos animais que te tentam tragar, das ervas daninhas que te tentam engolir, a precisar de água e muitas vezes ter de sobreviver a períodos de seca...

Não, ser uma planta em crescimento, que luta para dar fruto, não é fácil. À medida que cresce, e para se tornar uma planta adulta, ela vai precisar de cada vez mais nutrientes, que irá buscar à terra onde foi plantada. E para crescer de forma saudável a planta vai necessitar de luz, alimento e água. 
A luz dar-lhe-á a energia para fazer a fotossíntese, um processo que a planta utiliza para transformar a luz em alimento. E a água, essa é essencial. À medida que a planta cresce e precisa de mais água, as suas raízes irão crescer cada vez mais e alongar-se para encontrar água no solo. 

Tanta coisa pode correr mal em todo este processo... é por isso que vemos tanta gente a ficar pelo caminho. Muitos não sobrevivem sequer à sementeira. Outros morrem ainda numa fase de crescimento e outros ainda desistem, já adultos, porque não são capazes de esperar o tempo suficiente para dar fruto. 

Sabiam que as sementes de uva levam entre 2 a 9 semanas a brotar, mas a videira pode demorar até três anos para começar a produzir frutos? Mas nós queremos lançar a semente hoje e ser árvore de fruto já amanhã. Não funciona assim. 

É preciso perseverar neste processo de crescimento. É preciso seguir todos os passos, não dá para saltar etapas. Quando a planta amadurece, ela está pronta então a frutificar. 

Mas até chegar ali ela foi transplantada, para poder estender as suas raízes. Esticados fomos muitos de nós, ao ponto de não podermos mais. Mas precisamos de nos estender, de espraiar as nossas raízes para tomar posse de tudo o que o Pai nos concedeu! As nossas raízes estão hoje mais profundas e firmes Naquele que é Senhor da Vida, Senhor dos Céus e da Terra! Ele deu-nos a terra e agora permite-nos crescer nela. E oh, como nós estamos maiores, porque entendemos como somos pequenos. Estamos cheios Dele!

Ela foi regada. As águas vivas vieram muitas vezes do clamor! "Não aguento mais o deserto" e puff, chuvas nos regaram e nos energizaram. Vieram muitas vezes da fome: "Pai eu quero mais de ti, usa-me"... Vieram da sede "eu preciso de ti, eu dependo de ti para viver. faça-se a tua vontade.". Oh e como elas vieram. E nos regaram e com isso crescemos, colados à Fonte de água viva - Jesus!

Ela foi podada. E como dói cortarem os nossos ramos. Como os amávamos, aos ramos cheios de folhas... e como nos custou quando eles foram cortados pelo Jardineiro a quem submetemos o nosso jardim. A nossa vida é Dele e Ele sabe que é preciso remover não só os galhos antigos, que nos roubam energia, mas também os brotos novos, para que os restantes cresçam mais fortes e vigorosos. Ficámos tão cansados. Chorámos e com isso regámos novamente a terra. Ela, amorosa, devolveu-nos cada lágrima em gota de orvalho, que lavava e hidratava agora cada folha nova que nascia, fruto da poda dolorosa. 

Ela foi fertilizada. A terra precisou de um alimento nutritivo e fortalecedor. Comemos do melhor maná que poderíamos ter. A Palavra de Deus alimentou-nos. Quando a terra parecia não ter mais a oferecer, foi ela quem nos fortaleceu! Nos momentos de tristeza, na doença, no desespero, no abandono, na frustração, a Palavra manteve-nos vivos e não nos deixou desistir. Aquele fertilizante sobrenatural encheu as nossas raízes e trouxe um novo brilho à nossa alma! 

Sim, a planta sofreu muitas transformações e ela hoje já não é a mesma. É mais forte. Mais bonita. Mais frondosa. E está, finalmente, pronta a dar fruto. E a multiplicar-se. 

Shalom! 

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