Tuesday, December 22, 2015

#1 ESPELHO DA ALMA: ZOEY, UM BEBÉ MILAGRE


O tempo tem sido curto para escrever e a vontade pouca também, confesso, mas estamos quase a terminar mais um ano e, como não sei se conseguirei passar por cá depois, decidi encerrar este 2015 com algo especial. :) Apresento-vos a nova rubrica do blog, que apelidei de "Espelho da alma", e que consistirá em entrevistas a pessoas especiais, pessoas que, de alguma forma, são exemplo de superação, de força, e de fé...  pessoas com história, que me e vos inspirem a continuar a lutar todos os dias e a nunca desistir.  

Para este primeiríssimo "Espelho da alma" lancei o desafio à Tânia e ao Alexandre Izumi, um casal cheio de fé, pais de três filhos lindos e que viveram um milagre incrível na terceira gravidez. Com poucas semanas de gestação a Tânia perdeu todo o líquido amniótico, indispensável à vida in utero. Os médicos disseram que a gravidez era inviável e recomendaram o aborto. A Tânia e o Alexandre recusaram e avançaram com a gravidez, mesmo sendo apelidados de irresponsáveis, firmes na promessa de que o seu bebé seria um milagre de Deus. E foi. A Zoey nasceu, contra todos os prognósticos médicos, perfeita e saudável. Mas a luta foi dura... 

A história da Zoey está no Facebook (passem por lá, façam "gosto" e partilhem) e até já passou num programa de televisão, mas eu queria realmente partilhar convosco o testemunho destes pais, na primeira pessoa, porque eles, mais do que cristãos, são pessoas reais, como nós, e enfrentaram um problema bem real. Que a sua fé vos possa inspirar também, como me inspirou a mim.

Como mulher cristã, filha de Deus, o que é que sentiste quando te disseram que a tua gravidez não era viável? Tiveste medo? Dúvida? Como é que reagiste a esta notícia? 


Quando recebi a notícia de que a gravidez não era viável, não quis acreditar que aquilo estava a acontecer comigo, justo eu, Deus sabe que eu sou tão frágil, Deus sabe que eu não suportarei outro aborto, outra perda. Foi este o pensamento e um misto de emoções, porque ao mesmo tempo que os pensamentos corriam na minha mente dizendo eles são médicos tens de aceitar, eles sabem o que estão a dizer, eu sabia que não podia deixar as minhas emoções se abalarem porque não queria passar para o baby essa insegurança. 

Existia uma luta de alguém que sabe o que é dito “normal”, “natural”, porque eu ouvia-os e nas explicações deles tudo batia certo, afinal de contas eu já tinha tido dois nados vivos, já tinha estudado biologia, então eles não estavam a dizer nenhuma asneira. Mas por outro, como mulher cristã, sabia que esse Deus que deu a vida, só Ele e apenas Ele tinha o poder de fazer o que quisesse com ela. Esse Deus que eu conheço é um Deus de poder, já O experimentei tantas vezes, e por breves segundos, pensava será que vai acontecer comigo? Que será que Ele vai fazer desta vez? 

Senti medo, claro, medo da perda, medo de mais um sonho frustrado, porque uma gravidez é um sonho. Qualquer mulher antes de engravidar sonha com o dia em que está grávida, não importa se pela 1ª vez, 2ª ou 4ª vez, e eu estava a viver mais um sonho, que eu não queria que se tornasse num pesadelo, seria doloroso demais. 

Mas a minha, a nossa reação, (sim nossa, porque a decisão, sempre foi dos dois, minha e do meu marido) foi de "enquanto o coração bater, existe vida". E existia um coração a bater, então havia vida, não iríamos nós fazer parar esse som maravilhoso. 


O que é que mantém uma mulher a quem médicos dizem que deve abortar porque o seu bebé vai morrer, firme ao ponto de ser capaz de manter uma gravidez até ao fim, contra tudo e contra todos? 


A fé Diana, apenas isso nos mantém firmes em algo que não é visível, que não é palpável. Porque nem as ecografias poderiam ajudar, pois eram tão ilegíveis que nem isso ajudava a pensar "se calhar vai correr tudo bem". Durante toda a gravidez nunca vi a minha filha, apenas um saco roto e sem qualquer espaço para que ela se conseguisse esticar. 
Não eram as palavras de médicos que animavam, nem mesmo as muitas vozes que se levantavam com preocupações, afinal com uma bolsa rota, eu sofria o risco de ter uma infeção, risco de vida mesmo. 

Mas a fé, é o que move um coração de uma mãe e de um pai a não desistirem de algo. Foi a fé que me fortaleceu nos dias de desgaste. Foi a fé que me fez alegrar nos dias em que me apetecia apenas chorar. Foi a fé que me fazia não aceitar nada do que vinha descrito naqueles relatórios médicos, e dizer “Se ainda estás vivo baby, é porque existe um propósito, e isso ninguém roubará”. E Deus enchia-me de força para mais uma batalha, dia após dia, fomos vencendo, fomos ganhando terreno. 

Por isso, entendo quão complicado é uma mulher aceitar o aborto. Porque sabes Diana, mãe que é mãe, não abre facilmente mão de um sonho, de um filho, concordas? É necessário algo muito forte para paralisar esse sentimento de leoa de uma mulher. E para mim, nada mais é que a falta de fé, fé de que existe alguém que tem tanto poder, que muda situações. 

Por vezes questiono-me, quantas histórias poderiam ter sido mudadas, se as vozes não falassem mais alto que a vontade de uma mãe? Admiro as mãe e os pais que vão até ao fim e, por alguma razão, os filhos nascem com alguma deficiência, mas foram até ao fim e se perguntares a esses pais se trocariam de vida, a resposta é não, porquê? Porque um filho é tudo, já faz parte da vida de uma família, mesmo que seja no ventre. 

Portanto a celebre frase a “fé move montanhas” é redutora. Ela não move apenas montanhas, mas o braço de Deus. 


Como é que a tua família, amigos e conhecidos reagiram à notícia e à vossa decisão de manter a gravidez? 


Com muitas reticências, óbvio. Não era uma notícia fácil de digerir, não era fácil pensarem que iria correr tudo bem. Houve muito medo de que esta decisão fosse leviana, pois tínhamos dois filhos lindos e maravilhosos, e nós estávamos a correr riscos e deixar estas duas crianças sem uma mãe. 

Houve aqueles que apoiaram desde início, com orações, estando presente. Por isso a importância de fazer parte de uma boa igreja, saudável e que caminha no sobrenatural. Os meus pastores estiveram sempre ali, ouvindo e apoiando as nossas decisões e, de alguma forma, dando o apoio necessário. Tivemos discípulos que sei que, com muito amor, procuraram e buscaram essa mesma fé e estar em concordância. Houve aqueles que simplesmente não se quiseram envolver muito, porque não sabiam como lidar com a situação. 
Mas, o mais importante, foi sentirmos que nós em casa estávamos todos de acordo, "vamos até ao fim". O Rafael e o Lucas, de 13 e 10 anos respetivamente, souberam logo desde o início o que se passava, tivemos de contar e eles perguntaram logo "não vais fazer o que os médicos querem pois não?". Então, quando dentro do seio familiar existe concordância, tudo se torna mais fácil. Orámos uns pelos outros, quando os sentia mais preocupados orávamos com eles, ministrávamos fé e, inclusive, houve um dia em que foram eles os dois que oraram por mim... Foi tão maravilhoso que, mesmo sem eles saberem o que eu sentia, foram concretos nas suas orações e ministraram aquilo que foi necessário no momento, Deus usa quem quer, mesmo os filhos. 

Sei que inicialmente vocês tinham pensando noutro nome caso o bebé fosse uma menina. Em que momento é que decidiram mudá-lo e porquê? 


Sim, inicialmente, pensamos que se fosse menino, seria o Benjamim. Se fosse menina, seria a Bianca ou Jasmim. Porém, à medida que a gravidez foi evoluindo nós pensávamos, se for menina nem Bianca nem Jasmim fazem sentido, porque este baby está a viver o sobrenatural de Deus. Deus está a ser o seu líquido amniótico, Deus está a ser a vida dela. Ela estava a ser guardada, protegida pela própria vida de Deus, por isso escolhemos Zoey - a palavra grega traduzida por vida é Zoe

Esta é uma pergunta sensível, mas em algum momento duvidaste que ela iria nascer saudável?


Diana, podes não acreditar, mas a minha expetativa sempre esteve naquilo que Deus iria fazer. O nosso Pastor e amigo, que sempre esteve junto e acompanhou toda a situação, sempre nos disse “filhos estamos juntos na luta, mas nunca se esqueçam, a vossa expectativa esteja sempre em Deus, naquilo que Ele vai fazer”. 

Eu sei o Deus que eu sirvo, sei que Deus opera o impossível, porque eu própria já vivi milagres verdadeiros na minha vida. Portanto, sabíamos que não seriam as palavras ou vontade de médicos, que iria alterar isso. Tudo o que eu queria era a vontade de Deus a ser realizada. 

Claro que, como mãe, tinha um desejo que a vontade de Deus fosse que eu experimentasse esse milagre, que eu abraçasse o milagre do Pai, porém... a vontade de Deus sempre! Esse tem sido o nosso lema de vida, e temos nos dado bem. ;) 

E quando a Zoey nasceu, o que sentiste? 


Bem, para já quando ouvi o primeiro choro e vi a reação da médica ao segurar a Zoey, eu apenas dizia “obrigada, obrigada” e as lágrimas corriam no meu rosto, o meu coração pulava, eu estava extasiada de alegria, sentia-me sem palavras.

E quando eles ali entre eles comentavam "como é possível, ela respirou, como é possível?" e depois confirmaram que era do sexo feminino aí foi a certeza, é a Zoey, a vida de Deus está aqui, eu vou segurar o meu milagre, eu estou a viver o meu milagre. Deus deu-me, achei Graça diante de Deus... Quando ela dá o segundo choro, então dei uma gargalhada em meio a lágrimas e disse “a minha filhaaaa” e a médica disse-me “Tânia não sei como, aparentemente a sua filha está bem, mas”... 

A minha expetativa estava em Deus e não nas palavras dos médicos! ;) Foi a loucura de Deus diante dos sábios desta terra. Imagina, eu estava prestes a pegar ao colo “um milagre” uhuh!

És mãe da Zoey, mas és também filha, esposa, e mãe de mais dois rapazes, o Rafael e o Lucas. Como é que conseguiste gerir todos esses papéis durante este processo?


Pois, esse foi um dos pontos mais difíceis de gerir. Como filha, sempre com o cuidado de não os preocupar, porque estavam longe. Não que escondesse as situações, mas apenas falava o necessário, pois entendia que eles por não entenderem aquilo que nós vivemos iriam sofrer muito mais. Afinal sou filha e existia a hipótese da minha vida estar em risco...e depois já existia uma neta a caminho também. 

Como esposa, sou a mais felizarda e mais abençoada do mundo!. Óbvio que a nossa vida ficou mais limitada, condicionada, mas conseguimos manter-nos unidos e no mesmo propósito. 

Como mãe de dois meninos lindos, foi mais complicado. Estávamos habituados a muitas brincadeiras, passeios e muitas vezes tive de ficar em casa, pelo que tudo passou a ser o pai e isso, como mãe, por vezes deixava-me triste. Claro que sabíamos que não era uma questão escolher a Zoey em detrimento deles, mas era um tempo necessário, e faríamos o mesmo por qualquer filho. 

Mas o mais complicado mesmo foi quando fiquei internada às 27 semanas. Aí sim foi mais difícil, porque ficou o Alexandre sozinho com os meninos, havia escola, ele próprio tinha de trabalhar... O Rafael sendo o mais velho acabou por assumir algumas tarefas por iniciativa própria, ligava-me a perguntar o que eu precisava para ele comprar, para preparar e levar quando o pai chegava do trabalho, cuidava do Lucas, ia buscá-lo à escola. Claro que tivemos muito apoio das nossas mães, tios, e da nossa família em Cristo, irmãs que iam a casa passar roupa, dar uma limpeza geral, algumas avós emprestadas, que levavam comida, enfim, sabemos que tudo correu debaixo de um cuidado maravilhoso. 

Como mulher de Deus que sei que sou sempre tentei fazer tudo o que podia e que achava que devia fazer, ia aos cultos, pregava, fazia intercessão, dava aulas no nosso Instituto Bíblico na igreja, enfim, tentei manter uma vida normal. Porém, quando tinha de parar, parava, porque a produção de líquido amniótico continuava, mas perdia, tinha hemorragias, sentia dores e como não tinha líquido tinha de ter mais atenção ao calor, às temperaturas... Resumindo, Deus sempre cuidou de todos nós, foi uma total dependência, Dele e daquilo que Ele fazia e de como se movia. 

A Bíblia diz em Romanos 8:28 que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” Sentes que foi assim mesmo? O que é dirias que aprendeste com tudo o que viveste? 


Daria uma pregação se me permites dizer, mas posso dizer que sim, essa passagem fez-se um dos marcos da nossa vida durante todo este tempo. Se somos daqueles que amamos a Deus, então ansiamos para que os Seus propósitos se cumpram nas nossas vidas, o problema é que, a meio do caminho, esquecemo-nos que temos de estar preparados para todas as situações e aprender a perguntar a Deus não “porquê”, mas “para quê”, "o que o Senhor quer que eu aprenda com tudo isto?". Afinal tudo o que Deus faz, é com um propósito certo? Então não iríamos passar por tudo isso para nada. 

Então sempre foi essa a nossa busca. Queríamos estar no centro da Sua vontade, mesmo que no final de tudo as coisas não corressem como desejávamos, nós estávamos preparados para tudo Diana, e não digo isto como um chavão cristão, o nosso coração estava preparado para a vontade de Deus. 

E sei que tudo isto, entre outras coisas, que a seu tempo direi, veio trazer uma dependência total da Sua vontade, buscar a Sua presença em todo tempo, elevou o nível de fé, não apenas em nós como família, mas daqueles que nos rodeiam. E sei que no meio do caminho algumas pessoas foram tocadas e sei que caminhadas com Cristo começaram em algumas famílias, e só por isso valeu a pena tudo. 

De certeza que ao longo de todo este processo viveste muita coisa que te marcou, se pudesses escolher três momentos que nunca vais esquecer, quais seriam? 


Ui Diana, 3? Uma delas foi quando recebi um telefonema que me deixou triste, de rastos e fui orar e ali em chorava com o Pai, porque precisava que Ele me desse alento, consolo e firmasse a Sua vontade em mim, pois era difícil ouvir as coisas que ouvia, nós lutávamos pela nossa filha, e ainda assim éramos sempre colocados em questão, o nosso amor, sermos levados como levianos, enfim. 
O Luquinhas passa por mim, estava eu na sala a orar, e ele pergunta "mãe estás a chorar?", ficou preocupado e eu disse, "sim filho mas estou a chorar com Deus, não te preocupes está tudo bem" e fui para o quarto. Quando me sento na cama, vem o Rafael, pois o Lucas foi chamá-lo, e eles perguntam se podiam orar por mim e vieram com o óleo de unção, eu disse que sim, e eles foram usados por Deus naquele momento, o Rafael orava tudo aquilo que se passava na minha mente e emoções, e o Lucas com a mãozinha na barriga dizia para que nada atingisse o baby, que ela ia ficar bem, Deus estava a cuidar do baby. Então ali eu vi que Deus estava no controle de todas as coisas, a nossa família estava fortalecida naquele que nos criou. 

Outra situação foi quando, num dos dias em que estava internada, já ia no 25º dia por aí, e tinha sido um dia difícil, porque estava com muitas hemorragias, estava a sentir umas dores muito estranhas, fizeram a ecografia e, mais uma vez, disseram que os pulmões não estavam desenvolvidos, tudo estava na mesma. Fui vista mais uma vez pela médica para ver que dores eram, depois disseram-me sobre o parto ser normal e eu disse que não, que eu queria que fosse cesariana, e a resposta da médica foi “não quer ser tratada como uma gravidez normal? Então será assim!”. Aquilo entristeceu-me. Foi um dia em que não tive visitas, nem amigos, nem família, nem os meus amores puderam ir, estava sozinha e ali na minha cama coloquei os fones, música, e adorei, adorei a Deus, mas precisava de falar mais a sério com o Pai, então pedi para ir à wc para me preparar para dormir, e lá no banho (bem rápido), clamei e disse “Pai, se não é para te glorificar, acaba com isto, se estou a viver um engano, se sou eu mãe que estou a lutar e a não abrir mão da minha vontade, então mais uma vez Pai eu te entrego tudo”. 

Quando me deitei na cama, o Alexandre manda-me uma sms a perguntar como estava, que imaginava que estaria cansada, mas iria valer a pena, e ali eu chorei, mas ele estava numa conferência então não podíamos falar mais.  Por volta das 23h ele manda-me um testamento, a contar que uma Apóstola que tinha vindo do Brasil, e que não sabia de nada do assunto, foi ter com ele e disse que Deus lhe estava a incomodar para orar pela esposa dele. Ela perguntou "onde está a tua esposa" e ele respondeu e a oração dela foi de fortalecimento, que o propósito de Deus se iria completar, que nada era por acaso, que a Zoey seria para a glória de Deus. Para mim mais uma vez, como é óbvio, foi confirmação, porque Deus sempre fala àqueles que estão Seu caminho e esperam nele, e aquilo encheu o meu coração, e deu-me forças para continuar esta jornada. 

Uma outra coisa foi quando experimentei a força de Deus no meio da circunstância que eu estava a viver. Saber que algo iria acontecer, que Deus estava no controlo, porque ter fé, é crer naquilo que eu não vejo mas como se já fosse. Nem a minha filha eu via, tudo era invisível, ouvia um bater de coração, apenas isso, sentia-a quando ouvíamos música as duas, então realmente caminhávamos na fé, crer apenas numa palavra, num Deus poderoso. Numa tarde, entrou uma senhora no meu quarto ia ficar internada, estava de 38 semanas e estava muito preocupada porque tinha rebentado as águas, e só tinha 35% de líquido. Perante aquilo eu pensava para mim "opah sério? Estás preocupada com isso?" E Deus ministrava-me que cada um lida com a sua situação, "não minimizes nem desprezes".  Ok Deus, entendi. E ali conversei com ela, fui ministrando fé, esperança e ânimo, e a determinada altura ela já estava de cara limpa das lágrimas, sorria e a agradeceu-me pelas palavras e pela força e pergunta e você porque está aqui? À quanto tempo está aqui? E eu expliquei, e ela olha para mim e diz-me "como consegues falar de Deus e esperar em Deus, se estás aqui? Onde está Ele?" E eu pude dizer que se ainda estava ali, e se a minha filha ainda existia dentro de mim, é porque Ele estava comigo, é porque Ele estava no controle de todas as coisas. E se hoje conseguia ainda dar palavras de força a alguém, é porque Ele tem sido a minha força, a Sua alegria é a minha força. E ela olhou sorriu e disse “realmente tens razão”. E ali pude evangelizar, falar do amor de Deus, dos planos maravilhosos dele sobre todos nós. Nessa mesma noite ela começou com as contrações e teve o bebé e sem ter sido necessário a indução. 
Portanto valeu a pena… Porque sei que as sementes foram lançadas, e darão o seu fruto no tempo certo, eu creio. 

A Zoey mudou a vossa família e a vossa vida desde o primeiro dia, mas agora que já passaram dois anos, o que dirias que mudou efectivamente? 


Sim mudou, desde o primeiro dia em que soubemos que estávamos grávidos. :) Mas, para não me alongar muito mais, porque há muita coisa sempre para dizer, porque como sempre digo, esta situação que passámos foi um desencadear de situações e de vivências, o que mudou foi no final de tudo. Deus é um Deus de impossível, porque nós sempre tivemos muitos desafios ao longo da nossa vida como casal, como família, ou doença ou financeiro, e temos vivido milagres e impossíveis se tornando possíveis. Mas este caso foi além daquilo que podíamos imaginar, porque foram tempos de decretos contra palavras de homens, a nossa postura mudou. Imagina assim, se um dos meus filhos adoecer, claro que oramos e cremos que Deus cura, e vamos ao médico e pronto, agora no caso da Zoey nós não a víamos, não sabíamos o que ela precisava, quais as dificuldades dela, se é que teve, tudo era uma incógnita, então foi apenas orar e não vermos com os nossos olhos naturais aquilo que estava a ser realizado, dá para entender? E hoje olho para a Zoey e vejo uma miúda cheia de vida, nunca está cansada, gosta de brincar, de rir, dar gargalhadas, e penso " fogo, não tive mão nisto, não fui eu que a levei ao médico, não fui que dei remédio, não fui eu que coloquei líquido, foi Deus que fez todas as coisas." O nosso olhar sobre as coisas muda. 

Há alguma mensagem, algum conselho que gostarias de dar a outras mulheres e/ou a outros pais que estejam ou venham a passar por algo semelhante? 


Sim claro. Sempre e sempre nunca fazer parar o batimento cardíaco. Se o coração bate, então existe vida! Vamos perseverar na esperança de que as circunstâncias vão mudar. Porque Aquele que deu vida, Ele próprio fará com que ela continue, porque foi Ele que a deu. 

Vivemos num mundo em que tudo o que sai do fora do normal é cortado fora, tudo o que sai daquilo que é dito como aceitável é cortado fora. Facilmente se desiste, sem pelo menos tentar. Preferem viver dos “SES”, "se eu mantiver a gravidez posso morrer", "se não abortar a criança vem para este mundo deficiente e para quê?". Será que uma criança com deficiência tem menos valor ou menos direito à vida? Quem pode determinar isso? Nós seres humanos temos mente limitada, que avança apenas por aquilo que vê. Mas e que tal mudarmos a mentalidade e pensar “E SE um milagre acontece?" "E SE esta criança que estou a gerar mudar o mundo?".
A Zoey vai poder dizer com autoridade que esta mentalidade do mundo em que vivemos quis desistir dela, mas Deus não desistiu do Seu plano.

Muito importante as famílias estarem juntas, marido e mulher, ouvirem os medos, as aflições um do outro, não existem super heróis, ninguém é mais forte que ninguém. Muitas vezes falam muito de mim, que fui uma grande mulher, uma grande mãe, que exemplo, entendo todas essas palavras, mas se eu não tivesse primeiro o Deus que eu tenho, depois o marido e os filhos que tenho, as coisas seriam diferentes. Dar voz aos outros filhos, ouvir os seus medos, estar atento. 

Deus é Deus, Deus que faz o coração bater, que forma o líquido e faz do deserto mananciais, foi isso que aconteceu dentro do meu ventre. Um dia a Zoey contará suas experiências com o Pai, que achas? 

Um beijinho muito grande, e sinceramente que estas palavras, o vento não leve para uma parte qualquer sem causar algum impacto. Deus abençoe o teu trabalho Diana e continua e glorificar aquele que te chamou para a Sua maravilhosa luz.

No mundo em que vivemos é muito habitual vermos a mãe ser o centro da família, mas a verdade é que o pai é fundamental nesta equação. Alexandre, tu como pai, marido e filho de Deus, que tipo de desafios enfrentaste neste processo tão difícil e como é que foste capaz de os ultrapassar? 

O papel do pai e marido é muito claro na Bíblia. De extrema importância, não apenas no aspecto de ser supridor de bens materiais para o lar, mas principalmente para poder materializar a essência de Deus como Pai, para que a família possa compreender o verdadeiro significado do Amor. O amor conforme está escrito em I Coríntios 13, tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. Então, por amor, fomos incapazes de matar uma criança no ventre, por amor fui capaz de ultrapassar a ausência da Tânia de casa quando esteve mais de um mês hospitalizada, por amor continuei a exercer o ministério na igreja, mesmo sozinho com dois filhos para cuidar. Como costumo dizer, o amor foi o combustível para a minha vida, a fé foi o motor, e a esperança foi o ar. 

O homem tem uma necessidade de proteger os seus, mas sabemos que muitas vezes as coisas fogem do nosso controlo. O que dirias a estes pais, a estes maridos que sentem que muitas vezes não são suficientes? Quando tudo à volta parece desmoronar, como é que é que o marido, que é o cabeça do casal, segundo a Bíblia, mantém todo o corpo a funcionar? 

Tudo se resume a obedecer aos mandamentos e princípios ensinados pela Palavra de Deus. Quando agimos desta forma, Deus surpreende-nos e traz soluções, refrigério e paz. Mesmo que o mundo diga que não vai dar certo ou que há outras formas, temos que nos manter firmes e convictos de que estamos no caminho certo e mais cedo ou mais tarde, Deus vai se manifestar, porque Ele tem prazer em abençoar os Seus filhos.

***

Obrigada Tânia e Alexandre por abrirem o vosso coração connosco. Que Deus vos abençoe tremendamente a cada dia e vos dê Graça e Sabedoria para criar os vossos filhos com a mesma fé que vocês mostraram ter nesta grande luta. É um privilégio partilhar a vossa história. A vocês e a todos os que me lêem, um santo e maravilhoso Natal! 


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