A VERDADE QUE CUSTA OUVIR. E TAMBÉM ESCREVER.

Fico perplexa quando leio certos comentários que as pessoas fazem a determinadas notícias. Veja-se o exemplo da morte trágica de André Bessa, filho da jornalista Judite de Sousa.

Sinceramente a notícia deixou-me triste, porque um jovem faleceu, sem nada o fazer adivinhar, e porque uma mãe teve de enterrar o filho que carregou no ventre 9 meses e que amou por 29 anos. Ninguém deveria ter de viver este momento. É trágico, é doloroso, é o tipo de coisa que todos nós desejamos que nunca nos aconteça e em que evitamos até pensar, porque só de imaginar já dói.

Não é por ele ser filho de alguém conhecido, mas a compaixão num momento como este é o mínimo que se espera de um ser humano. Repito, de um ser humano. Não é preciso ser cristão, basta ser um homem, ou uma mulher, alguém que é filho de alguém, e talvez pai ou mãe. Um ser humano.

Espera-se que as pessoas sintam um certo pesar, que se condoam, e que reflitam de como a vida é efémera. Que olhem para o lado e que se lembrem de valorizar os que estão ali, a família, os amigos, enfim...

O que não se espera num momento destes é que alguém teça, num qualquer site, comentários desumanos, insensíveis e totalmente inapropriados ao luto de uma mãe, de um pai, de uma família.

Questiono-me que tipo de pessoa somos nós e que mundo é que estamos a construir se nem capazes somos de nos compadecer de alguém que sofre? 

Paulo exorta-nos na carta aos Romanos a alegrarmo-nos com os que se alegram e a chorarmos com os que choram (Romanos 12:15). 

Pergunto eu, será que é isto que nós, que nos dizemos cristãos, Igreja do Senhor, temos feito? Se nós que conhecemos a Jesus Cristo, que é o Caminho, a Verdade e a Vida, não o fizermos, como podemos esperar que o resto do mundo o faça? 

Li alguns comentários nas redes sociais que usavam o nome de Deus. É inevitável em momentos destes. Alguns, mais ou menos crentes, pediam que Deus pudesse dar força a esta mãe, outros questionavam como é que se há um Deus, permite uma coisa destas. Como é que um Deus que dizem ser Senhor de tudo pode deixar que uma mãe enterre um filho? 

Fiquei a pensar nesses que questionavam e naquilo que diziam. A pensar como é que explicamos isto... Como é que dizemos a uma mãe que perdeu um filho que Deus é amor? Ela não compreenderia. As pessoas não conseguem compreender. E nós que somos Filhos de Deus, também não conseguimos muito bem explicar. Porque muitas vezes nem nós próprios entendemos e outras vezes porque a explicação é mais dura do que nós somos capazes de admitir. 

A Bíblia diz que o mundo jaz no maligno (I João 5:19), que é a mesma coisa que dizer que é o diabo que governa o mundo em que vivemos. Isto não retira a Deus a sua soberania, atenção. Ele continua a ser Senhor de todas as coisas, no entanto, Ele é também imutável e fiel à Sua Palavra. 

A partir do momento em que Adão desobedeceu à ordem do Criador, o pecado entrou no mundo e todos os que dele nasceram ficaram à mercê do inimigo. Deus condenou-o e expulsou-o do jardim do Éden (Gn 3:23).

Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. (...) Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar." Génesis 3:17-19

Em Romanos Paulo confirma esta mesma palavra, reforçando como a ação de Adão trouxe a morte a este mundo e condenação a todo o ser humano.

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Romanos 3:23 

Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o género humano, porque todos pecaram...Romanos 5:12 

Sabemos ainda que este que governa o mundo - o maligno, o diabo, o ladrão, como o quiserem chamar - não vem senão a roubar, a matar, e a destruir (...) (João 10:10)

Portanto, se a história se ficasse por aqui, todos estaríamos condenados a uma vida sem Deus, sem a Sua Glória, sem o Seu amor, sem a Sua misericórdia. Todos estaríamos condenados à morte, física e espiritual.

No fundo, e infantilizando um pouco a história, é como se nós comprássemos uma boneca e lhe déssemos vida e liberdade para tomar decisões. E a boneca decide ir viver para casa de outra menina. Mas essa menina não é tão amorosa como a sua primeira dona, que lhe deu vida. Esta dona é má e não a deixa ser ela própria, não a deixa viver. Prende-a dentro de uma casinha de bonecas e faz dela o que ela quer.  

Entendem esta alegoria? O ser humano é esta boneca. Deus deu-nos vida e liberdade e nós escolhemos mal. Por causa disto hoje todo o Homem é escravo do inimigo. Mas... (e ainda bem que há sempre um mas), a história da boneca não acaba aqui. 

Deus tinha um truque na manga. Ele não podia arriscar que o homem comesse da árvore da vida como lemos em Génesis, por isso o expulsou do jardim, mas um outro homem viria, um outro Adão, para remediar o mal que o primeiro fizera. Jesus estava já nos planos de Deus. 

E foi Jesus que trouxe uma nova escolha à humanidade. 

A primeira dona da boneca decidiu comprá-la por um alto preço, muitíssimo valioso, à dona má. A boneca recebeu novamente o poder de escolher e de livre vontade escolheu voltar para casa.

Portanto, como pelo pecado de um só a condenação se estendeu a todos os homens, assim por um único ato de justiça recebem todos os homens a justificação que dá a vida.

Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão justos.

Sobreveio a lei para que abundasse o pecado. Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça.

Assim como o pecado reinou para a morte, assim também a graça reinaria pela justiça para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor.Romanos 5:18-21

Deus deu ao ser humano uma nova oportunidade, uma espécie de novo Éden, um Éden espiritual. Ao enviar o seu Filho para morrer em nosso lugar, Deus comprou novamente a vida que o Homem entregara nas mãos de satanás. 

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 

Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. João 3:16-17

E com Jesus, que entregou a sua vida por todos os Homens, o ser humano tem novamente nas suas próprias mãos a escolha entre a vida e a morte. 

Vês aqui, hoje te tenho proposto a vida e o bem, e a morte e o mal;

Porquanto te ordeno hoje que ames ao Senhor teu Deus, que andes nos seus caminhos, e que guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, para que vivas (...)

Porém se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, (...) 

certamente, perecereis. (...) 

te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência,

Amando ao Senhor teu Deus, dando ouvidos à sua voz, e achegando-te a ele; pois ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias; para que fiques na terra que o Senhor jurou a teus pais, a Abraão, a Isaque, e a Jacó, que lhes havia de dar. Deuteronômio 30:15-20

Não sejamos ingénuos. Nós vivemos num mundo que está em guerra. Enquanto trabalhamos, estudamos, brincamos, vivemos, há uma guerra a acontecer. Uma guerra que é espiritual, entre a Luz e as trevas, entre Deus e o diabo. Uma guerra pela nossa alma. 

As promessas para os que crêem em Jesus são avassaladoras. As bençãos, a proteção e, mais importante que tudo isso, a salvação. 

Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca. I João 5:18 

Mas os que não crêem é como se escolhessem novamente comer do fruto da árvore proibida. São como a boneca que volta para a dona má, mesmo depois de todos os sacrifício daquela que a salvou.

Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. João 3:18

Bem sei que nada disto é fácil de ler. É quase desconfortável até. Não gostamos muito de pensar nestes que não crêem de uma forma tão nua e crua. Gostamos de romancear tudo, e o cristianismo não foge à regra. Acreditem, eu também gosto de romances, e também a mim me custa escrever estas palavras, mas é a verdade e tem de ser proclamada.

Talvez esteja a ser pretensiosa ao achar que alguém que não é cristão vai ler este texto, talvez sim, talvez não, não sei. Mas sei de uma coisa, a Palavra de Deus não volta para trás vazia e eu estou a fazer o meu papel: assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão.Isaías 55:11

Já nem sei como cheguei até aqui. Fui refletindo e escrevendo ao mesmo tempo. E tudo porque alguém morreu. É por isto que a Bíblia diz em Eclesiastes 7:2 que melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração.

Deus tem prazer na morte do justo, porque Ele sabe que esse estará com Ele na eternidade. Mas Deus não tem prazer que aqueles que não crêem morram, porque Ele conhece o seu fim. Antes, a Sua vontade é que estes se convertam a Ele de coração e vivam, não só na terra, mas na eternidade, com Ele. 

Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? diz o Senhor DEUS; Não desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva? Ezequiel 18:23 

Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Ezequiel 33:11

Volto a dizer, é duro de escrever e mais ainda de ler estas palavras, mas a Bíblia é clara. O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor. Romanos 6:23

Deus é amor. Ele enviou o seu único filho para morrer por todos, sem exceção. Para que todos nós hoje pudéssemos ter vida com abundância e um dia pudéssemos viver com Ele na eternidade. 

Deus ama o ser humano de tal forma, que usa tudo em favor daqueles que clamam a Ele. A dor. O desespero. A tristeza. A solidão. A depressão. A pobreza. Até a morte. Quando nos voltamos para Ele, este Deus, que é um Pai amoroso, muda a nossa história e transforma o mal em bem, por amor a nós. 

Como é feliz o homem que me ouve, vigiando diariamente à minha porta, esperando junto às portas da minha casa. Pois todo aquele que me encontra, encontra a vida e recebe o favor do Senhor. Mas aquele que de mim se afasta, a si mesmo se agride; todos os que me odeiam amam a morte. Provérbios 8:34-36

Shalom!