Wednesday, May 19, 2010

QUANDO A ADVERSIDADE CHEGA - O EXEMPLO DE ELIAS (PARTE II)

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Gostava de realçar que em momento algum vemos Deus a repreender Elias por este ter fugido. Vemos sim um Deus provedor, um Deus misericordioso, bondoso e paciente, que não abandona o seu servo em nenhum momento, pelo contrário.

Deus conhece a nossa condição. Ele é o Criador, Ele nos fez com as Suas próprias mãos, Ele nos conhece melhor do que nós próprios. Deus sabia que Elias fugiria, por isso enviou um anjo para o alimentar – um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te, come (v.5)
E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas, e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se (v.6)

A Bíblia descreve-nos um homem sem reacção, um homem que se limita a levantar para comer e que, de seguida, torna a deita-se. Este não é o Profeta que vemos enfrentar a Rainha Jezabel, os 450 profetas de Baal, que foi alimentado por corvos, o homem que orando fez com que o filho da viúva ressuscitasse, o homem segundo cuja palavra não choveu durante três anos…

Não, aqui vemos um Elias sem vontade de viver, sem vontade de continuar a servir o Senhor com a mesma alegria com que O havia servido anteriormente. O Profeta estava claramente desalentado, eu arriscaria mesmo dizer que Elias tinha alguns sintomas que hoje atribuímos a uma depressão. Deus, no entanto, na sua infinita misericórdia, vendo o que se passava com o Seu filho e servo, voltou a enviar o anjo, que insistiu: Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho. (v.7)

Considerando as circunstâncias adversas em que se encontrava Elias, mais do que de alimento físico, estes versículos, falam-nos da necessidade de nos alimentarmos da Palavra de Deus e alertam-nos para a urgência de passarmos tempo na Sua presença, buscando o Seu fortalecimento. Em tempos de aflição, Deus deve ser o nosso refúgio. Quando nos sentimos deprimidos, sem forças para lutar, é em Deus que devemos colocar todo o nosso sofrimento, todo o nosso pesar, pois Ele enviará anjos para nos alimentarem e nos encorajarem a continuar.

A vinda do anjo por duas vezes revela-nos ainda como Deus não desiste de nós. Se não ouvirmos à primeira, Deus vai continuar a enviar os seus anjos ou a fazer o que for necessário, até que nós ouçamos e tomemos uma atitude.

Continuando na história lemos que depois de se alimentar da comida trazida pelo anjo, Elias caminhou durante quarenta dias e quarenta noites ao monte Sinai e ali entrou numa caverna, onde passou a noite.

E ali entrou numa caverna e passou ali a noite (…) (v.9)

Uma caverna é um lugar pouco iluminado, quase sem luz, um lugar fechado e pouco arejado. Em tempos remotos as cavernas eram usadas inclusive como moradia do homem primitivo, pela segurança que proporcionavam, por serem um excelente esconderijo dos animais.

A referência à caverna nesta passagem diz-nos que o Profeta necessitava de se esconder, mas não creio que fosse de Jezabel. Mais do que fugir à sentença de morte da Rainha, Elias estava sim a esconder-se e a fugir dele mesmo. O Profeta evitava entrar em contacto com as suas próprias emoções, com os seus receios, com aquilo que o atormentava, possivelmente ele sentia-se inseguro e incapaz de prosseguir com a tarefa que lhe havia sido confiada por Deus.

Quantas vezes nos temos sentido assim? Como a Elias, Deus atribui-nos responsabilidades, Ele nos chamou a fazer algo, e muitas vezes as nossas inseguranças, os nossos medos têm nos paralisado e, tal como aconteceu com Elias, acabamos escondidos dentro da caverna.


Mas Deus não pode permitir que nós fiquemos dentro da caverna para sempre. Não quando há muito mais para fazer. Além disso, auto-comiseração não entra no Reino de Deus…Jesus avisou-nos que teríamos aflições, mas a segunda parte do versículo não diz “escondam-se na caverna”… Não, diz “(…)mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16:33). Sabem porque é que Jesus nos disse isto? Para que nos lembrássemos que nos tempos difíceis não serve de nada fugir para a caverna, ela pode até proteger-nos temporariamente, mas não podemos lá ficar eternamente. Há um momento em que temos de sair e enfrentar o que nos atormenta.

Deus permite que passemos por esse lugar, para aprendermos a depender ainda mais dele, mas a certa altura, quando vê que não saímos dali sozinhos, Ele vê-se obrigado a agir:
(…) e eis que a palavra do SENHOR veio a ele, e lhe disse: Que fazes aqui Elias? (v.9)

Ele nos pergunta “O que fazes tu aqui nesta caverna?”. E esta pergunta é, na minha opinião, uma pergunta retórica… um pouco como a que Deus fez no início da criação, quando Adão pecou: “Onde estás?”. Tal como Deus já sabia onde estava Adão, também sabia o que Elias estava a fazer na caverna.

Então se Deus já sabe, porque é que pergunta? Nunca vos aconteceu fazerem alguma asneira e os vossos pais, sabendo o que vocês fizeram, perguntarem “João, o que é isto?”, ou “o que é que tu fizeste?”. Eles estão fartos de saber o que é, mas fazer esta pergunta é uma forma de nos fazer admitir, de nos compelir a tomar consciência sozinhos dos nossos erros.

Com Deus é igual. Ele quer que nós tenhamos consciência das nossas atitudes, dos nossos pecados e que tomemos responsabilidade por eles.
E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem. (v.10)

Elias foi muito humano na sua resposta, olhou para as suas circunstâncias e apresentou-as a Deus... Quantas vezes não fazemos como o Profeta? Cansados de lutar, queremos desistir e a nossa solução é escondermo-nos numa caverna, onde nada nem ninguém nos descubra. E quando Deus nos pergunta “o que é que estás aí a fazer?”, respondemos com as nossas circunstâncias: Deus estou tão mal, a minha família é injusta para mim, eles não querem saber de ti para nada, o meu marido não me respeita, no meu trabalho ninguém me valoriza… E por aí continuamos, com uma lista infindável de circunstâncias, que diligentemente apresentamos a Deus em resposta à sua pergunta. E Deus deve pensar “que querido da tua parte partilhares isso comigo, mas salta mas é daí, que temos muito trabalho pela frente!”.

A síndrome da caverna, como muitos gostam de lhe chamar, é algo que toca a todos nós. Creio que foi esse o motivo pelo qual este episódio foi incluído nas Sagradas Escrituras, para nos lembrar que, por muito bem que estejamos com Deus, devemos sempre estar atentos (I Co 10:12).

Elias era um grande Profeta, ele foi levantado por Deus e tinha a Sua protecção, isso fica bem claro em todos os episódios que envolvem o Profeta. Alias, mesmo quando Elias está na mó de baixo, vemos a protecção do Senhor sobre Ele, Deus jamais se esqueceu dele, jamais o abandonou. No entanto até ele teve dias menos bons.

Connosco não é diferente, aliás, quanto mais Deus nos der, maior será o preço que teremos de pagar. No entanto temos uma certeza, a de que Deus jamais nos abandonará, Ele é um pai amoroso, paciente em todo o tempo e ainda que em algum momento nos deixemos ir abaixo, nos sintamos fracos, desanimados, Deus continuará ali a fortalecer-nos e enviará os seus anjos para nos lembrar que devemos continuar caminho.
E Deus lhe disse: Sai para fora (v.11)
Seja qual for a caverna onde te tens escondido, Deus hoje te diz, “sai cá para fora”. Sai dessa caverna que te aprisiona, sai dessa caverna que te faz sentir ainda mais deprimido, sozinho, abandonado, sai daí… 
Deus precisou dizer duas vezes a Elias para ele sair. Porquê duas vezes perguntam-me? Eu creio que este é um alerta para nós, que tantas vezes nos acomodamos ao lugar onde estamos. Por isso quando nos dizem uma vez “sai”, não é suficiente. É necessário insistir e voltar a insistir… 
Mas sabes, o Pai hoje te diz sai desse lugar de conforto onde estás e busca os braços do Pai, ele te dará a protecção e o amor que precisas. Nos Seus braços nunca estarás sozinho. E ele está disposto a dizer-te isto quantas vezes forem precisas, até que tu ouças e entendas.

aqui a primeira parte deste texto.

Shalom!


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4 comments:

  1. Carambolaas!
    É isso mana! É isso mesmoo ..
    O deserto é um lugar em temos mesmo que passar sozinho, mas também é o lugar de mais aprendizado e intimidade com Deus, é exactamente ai que nós perdemos o controlo, e a independência.. Mas também onde Ele, toma as rédeas da nossa vida e nos direcciona pro caminho que Ele quer.. É sim um lugar árido, mas é '' O LUGAR '' ..

    Te amo minha amiga!

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  2. Oi....Nossa muito boa essa palavra...Vai direto aos corações, muitas vezes nos escondemos em nossas cavernas. As vezes algumas situações parecem não ter fim, e parece que as promessas não se cumprim e chegamos a questionar a Deus tantas coisas...e nos escondemos...
    Deus tem sua forma de trabalhar...quero aquietar meu coração...e seguir confiando e realizando aquilo que ele tem confiado em minhas mãos para fazer!

    Deus abençoe grandemente!!!
    Boa semana para vc
    Bjosss no seu core

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  3. oie querida, gosteii muito do seu blog!
    voltarei sempre!
    fique com Deus*-*

    http://linhascolorida-s.blogspot.com

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  4. Olá Graça e paz!
    Já faz um bom tempo que deixou um comentário em meu blog, eu gostaria que pudesse ler o comentário que coloquei lá como resposta ao seu pensamento!
    Gostaria muito que pudesse ler e se quiser pode falar a respeito da minha resposta!
    É muito bom saber a opiniões das pessoas mesmo que elas sejam contrárias as nossas!
    Mas que o Espírito do Senhor nos conduza a verdade!
    Desde já agradeço pelo comentário!
    Fica na paz!
    Este é o link da postagem:

    http://divulgando-evangelho.blogspot.com/2010/01/divulgando-o-evangelho.html

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Obrigada pelo teu comentário. Deus te abençoe.