A Rainha Jezabel, mulher do Rei Acabe, tomada de ira porque Elias havia morto os profetas de Baal (o Deus pagão adorado pela Rainha), ameaçou o profeta de morte. A partir daqui desencadeou-se uma série de peripécias dos quais o Profeta é o principal protagonista e que me deixou a pensar ontem à noite.
Vamos esquecer por momentos quem são as personagens desta história e vamos colocar-nos a nós como protagonistas. Imaginemos que nós somos o profeta Elias e que esta mulher, esta Rainha traiçoeira é o inimigo que nos persegue para roubar, matar e destruir.
Na nossa vida com Deus procuramos agradá-lo, receber a Sua direcção e muitas vezes por causa disso o inimigo nos persegue para nos matar. E porquê? Porque ele não se alegra por ver o seu reinado a ser abalado por um comum mortal. Quem é o monarca, que vendo o seu reino sendo destruído, fica feliz e impassível, indiferente? Ninguém! Tal como Jezabel, também o "príncipe deste mundo" fica tomado de raiva e ira quando nos vê a quebrar as suas maldições, a afugentar os seus demónios, a rejeitar o pecado, a impedir os seus dardos inflamados com a Espada da Verdade e procura então vingar-se daquele que ousou enfrentá-lo – nós!
"Quem somos nós para ousar enfrentá-lo dessa forma?", pergunta-se. Ao que nós respondemos "somos Filhos do Deus Altíssimo, Aquele que nos deu poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada nos fará dano algum.". (Lc 10:19)
Mas voltemos à nossa história. A Bíblia conta que assim que soube do decreto dado por Jezabel, Elias fugiu para Berseba para poupar a sua vida.
O que vendo ele, se levantou e, para escapar com vida, se foi, e chegando a Berseba, que é de Judá, deixou ali o seu servo. (I Reis 19:3)
Quando o inimigo nos ameaça de morte e nos persegue, criando na nossa vida circunstâncias adversas para nos fazer desistir, a nossa primeira reacção, como seres humanos, é fazer como Elias, fugir. Mas não raramente, quando tentamos fugir aos problemas e à opressão do inimigo, o que vamos encontrar pelo caminho é deserto... Curiosamente, neste capítulo de Reis, lemos que foi exactamente isso que aconteceu com Elias: "foi ao deserto e pediu para si a morte".
(...) foi ao deserto, caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó SENHOR; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais. (v.4)
Uma pequena pesquisa no Google foi suficiente para descobrir que a palavra deserto provém do latim desertus, particípio passado de deserĕre, cujo significado é "abandonar". Achei isto muito interessante, já que é exactamente isso que sentimos quando estamos no "deserto", sentimos que todos nos abandonaram, às vezes até que Deus nos abandonou. Estamos sozinhos e tão fracos que a única coisa que conseguimos dizer a Deus é que já não aguentamos mais... pedimos "Deus salva-me", "Deus ajuda-me", "Deus não me deixes, eu não aguento mais", ou como Elias "basta Senhor, toma a minha vida".
A quem muito é dado, muito é também requerido e, por isso, o Profeta tinha uma grande responsabilidade sobre os seus ombros, um peso que apenas Deus poderia aliviar. Lembremo-nos que antes de ser Profeta, Elias era um homem, imperfeito, falho e que também tinha momentos menos positivos. Depois de ter morto todos os profetas de Baal, depois de todo o seu percurso com Deus, aquele homem estava cansado de lutar e por breves momentos quis desistir, sucumbiu ao medo, à sua carne e deixou que o inimigo fosse mais forte que o Seu Deus, que tantas vezes o havia livrado.
Connosco acontece o mesmo, às vezes o preço parece-nos tão alto que, pelo caminho, queremos desistir. As lutas cansam-nos (e é mesmo esse o objectivo do diabo, vencer-nos pelo cansaço) e por breves momentos fraquejamos. Fragilizados, deixamo-nos abater pelas ameaças das Jezabeis que passam pela nossa vida e sucumbimos.
Reparem que em momento algum desta história vemos Deus dizer a Elias que fuja. Elias provavelmente tomou essa decisão sozinho, num impulso, dirigido pelo medo de perder a vida às mãos da rainha.
No entanto, sabemos que Deus sabe tudo e ele vê muito mais à frente que nós. Estou certa de que o Pai já sabia o que Elias ia fazer e apressou-se a protegê-lo.
(Continua. Lê aqui a parte II)
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