Mamã, acho que era assim que te chamava quando era mais pequenina e acho que tu gostavas. Talvez te fizesse sentir que eu seria a tua pequenina para sempre. Mas depois eu cresci. Cresci e as nossas vidas afastaram-se. Não fisicamente, mas emocionalmente. Continuavas a ser a minha mãe, mas eras difícil. Eu pelo menos achava. Achava que não me entendias e que não fazias ideia do que estavas a fazer, comigo. O meu coração fechou-se, pouco a pouco. Era a minha maneira de me tentar proteger da dor e, ao mesmo tempo, tentar guardar o amor em algum lado. Fechei-o de tal forma a sete chaves que tive dificuldade a encontrá-lo mais tarde.
Culpei-te. Pelas minhas frustrações, pelos meus comportamentos, pelas minhas falhas, pelas minhas más respostas. Culpei-te pela vida que não tive e pelo que não fui. Porque tu devias ser a minha mãe, aquela super-heroína que faz tudo e salva todos. Mas não eras. Eu achava que não eras, porque sentia que me fazias sofrer. Fartei-me dos gritos, das discussões sem sentido, de me sentir rejeitada. Queria, por um momento, ser eu o centro. Queria, por um momento, ser eu mesma, descobrir quem era, sentir que existia como Diana e não só como filha de alguém.
Mas um dia a minha vida mudou. Deus encontrou-me e pegou-me pela mão. Eu dei-lha sem medos. Precisava de um pai e de uma mãe. Achava que não tinha nenhum dos dois. Precisava de uma mãe que não me julgasse, que não me criticasse, que me ouvisse e que me pegasse ao colo. E Deus foi tudo isso. Foi o pai que nunca tive e foi a mãe que eu achava não ter. E Ele curou as minhas feridas. Mostrou-me cada uma delas e limpou-as devagar, bem devagar.
Então trocou a minha dor por alegria, deu-me um coração cheio de graça, de perdão, de misericórdia e de amor. Ele encheu-me de tanto amor. E foi o amor que, dia após dia, me foi ensinando e mostrando a realidade como ela é. E Deus mostrou-me a mãe que gostarias de ter sido, mas que a vida não te permitiu ser. E fui entendendo que a minha luta não era contra ti. A Bíblia ensinou-me que não é contra seres humanos que temos de combater, mas contra poderes e autoridades, que dominam este mundo de escuridão, e contra os espíritos do mal, que não se vêem (Efésios 6:11). Tu querias, mas não conseguias.