É quase vergonhoso dizer isto, mas estou a tentar escrever este texto há provavelmente mais de uma semana. Ok, não é muito diferente do que já aconteceu com outros, mas este é mesmo sensível (o tema, não o texto, bom, talvez ambos). Certo é que os refugiados estão a dar que falar (e que partilhar) e se antes não sentia necessidade de escrever sobre isso só porque todos escreviam (também porque nem sabia bem se ia acrescentar alguma coisa), a verdade é que agora sinto que tenho quase a obrigação de o fazer. E digo obrigação, não porque tenho de ir na onda da malta e porque é moda agora opinar sobre a coisa, mas porque sou cristã, seguidora de Cristo, entenda-se, e com um blog chamado "o pro(fé)ta". Por esse motivo tenho, mais do que o direito, o dever, de partilhar convosco, não a minha opinião, mas a de Deus, a respeito de tudo isto. Foi a Sua vontade que procurei nas Escrituras, porque é por ela que me quero deixar guiar. Se é assim noutros temas do quotidiano, neste não poderia ser diferente. Em boa verdade, estaria a ser hipócrita se fosse de outra forma.
E por falar em hipocrisia, começo já por dizer que estaria a mentir se não admitisse que tenho mixed feelings quando penso nesta crise de refugiados. São "mixed" porque, se por um lado, penso nas pessoas a sofrer e me encho de compaixão, por outro penso "e se com os bons vierem uns doidos que vão tirar a nossa paz"?
Portanto, antes que tirem conclusões precipitadas, não, eu não sou uma totó ingénua que se esconde em Deus e acha que isto é tudo peace&love e está tudo bem. Não, eu não sou nenhuma totó, eu sou apenas uma pessoa, como vocês, e tenho dúvidas sim, questionamentos sim, e medos também às vezes, sim. Mas a minha fé em Deus e o meu relacionamento com Ele permite-me ter outras coisas, outras coisas que me levam a não ver como o mundo vê. Não porque eu seja especial, convém explicar, mas porque Ele é! E porque Ele vê a coisa de uma maneira diferente de todos, eu também vejo, porque Ele empresta-me os Seus olhos e o Seu coração.
Por causa Dele, quando algum dos sentimentos que referi anteriormente me assolam, eu tenho uma uma certeza: Ele está no controlo. Ele está. E Ele É. E isso basta-me.
É estranho, eu sei. E é de loucos, eu também sei. Mas é assim mesmo. É que Deus é a minha cena, percebem? E isso significa Amor, com "A" maiúsculo e grande. E isso significa Paz "que excede todo o entendimento" (que é, como quem diz, eu tenho paz mesmo no meio da guerra, por assim dizer e a malta acha que eu sou doida). E isso significa ser doido para uns, mas para mim significa confiar em quem sabe mais. Significa, portanto, ser sábia e inteligente (não querendo com isto ofender quem não pensa como eu, não me interpretem mal). (:
Mas continuando, eu sou aquela que só não ajuda se não puder e que se preocupa realmente com as pessoas que estão a fugir de uma guerra, da mesma forma que se preocupa com amigos desempregados e/ou em dificuldades ou desconhecidos que não têm o que comer. Que fique claro, desde já, que para mim são todos pessoas, independentemente da sua língua, cor, credo ou cultura.
Mas sou humana, como dizia há pouco, e por isso sim, às vezes sou também aquela que receia pela paz de um país que está numa situação limite, como é o caso de Portugal. Sou aquela que teme pelo caos que se pode instaurar quando um país que tem tido dificuldade em gerir o seu próprio povo, recebe refugiados de uma cultura e religião totalmente diferente, senão mesmo oposta à sua. Sou aquela que fica de coração apertado porque teme que algumas pessoas mal intencionadas e instigadas por radicalismos religiosos, coloquem em causa a minha/nossa liberdade.