Ontem de manhã estava a orar pelo Fireoste(*), a conferência de jovens da igreja onde congrego, que irá acontecer no fim de setembro, e o Espírito Santo levou-me a orar por transformação de dentro para fora e por um verdadeiro encontro com o Senhor, tal como aconteceu com Saulo de Tarso, que hoje conhecemos como Apóstolo Paulo. Ora, o tema da conferência, curiosamente, é "Destino" e Deus levou-me exatamente a compreender qual era o destino daquele homem e qual será o nosso, se não tivermos este encontro com Ele.
A presença de Deus é tão transformadora que tem o poder de mudar identidades, histórias e destinos. Assim aconteceu com Saulo, um perseguidor de cristãos, que se torna Paulo depois de ter um encontro com Jesus a caminho de Damasco.
Enquanto orava tive uma convicção profunda de que Damasco era muito mais do que um destino físico e o Espírito conduziu-me numa pesquisa pela Palavra, que me surpreendeu. Deixo-vos as referências, mas ficaria muito extenso explicar cada uma, pelo que desafio-vos a ler depois para entenderem melhor.
Damasco é inimiga de Deus e de Israel (II Samuel 8:5), um símbolo de ruína espiritual (Isaías 17:1); de morte e de traição (II Reis 8:7). símbolo de idolatria (II Reis 16:10); de maldade e violência (Amós 1:5); e de perseguição (II Coríntios 11:32). Mas Damasco é também símbolo de esterilidade (Génesis 15:2) e de deserto (II Reis 19:15) e sobre estas últimas quero dizer algo.
Passados esses acontecimentos, o SENHOR falou a Abrão, por intermédio de uma visão: “Não temas, Abrão! Eu Sou o teu escudo; e grande será a tua recompensa!”Contudo, Abrão declarou: “Ó Todo-Poderoso SENHOR, meu Deus! De que valerá uma grande recompensa se continuo sem filhos? Eliézer de Damasco é quem vai herdar tudo o que tenho. Génesis 15:2
Abrão não tinha filhos porque Sarai, sua mulher, era estéril, e como era comum na época, o seu herdeiro seria Eliézer... de Damasco. É isso que Abrão quer dizer quando responde a Deus: "de que é que me serve a recompensa se não tenho um filho a quem a deixar?". Reparem que no momento em que isto acontece, Abrão ainda não é Abraão e Sarai ainda não é Sara, porque isso só pode acontecer depois de um encontro real com Ele. E sem esse encontro, o nosso destino é Damasco. Sem esse encontro Abrão e Sarai morreriam sem filhos, mas Deus marcou a vida deste casal de forma tão profunda, que mudou o seu destino, a sua identidade e a sua história. Abraão tornou-se o pai da fé e Sara mãe de nações. Geraram Isaac, o filho da Promessa e com ele gerações até ao nascimento de Jesus, o Messias.
Então o SENHOR Deus lhe orientou: “Vai, retorna por onde vieste para o deserto de Damasco. I Reis 19:15
Deserto nesta passagem é midbar no hebraico, a mesma palavra utilizada em Isaías 51:3: Porque o Senhor consolará a Sião; consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o Eden e a sua solidão como o jardim do Senhor; gozo e alegria se acharão nela, ação de graças, e voz de cântico. Mais do que um deserto físico, Damasco é um deserto espiritual. Lugar inóspito, de difícil cultivo e de seca profunda, em oposição às águas vivas e terras férteis do Eden. A comparação em Isaías é interessante porque percebemos a oposição clara que há entre o deserto e o jardim de Deus. A oposição entre a solidão, tristeza, a falta de perdão, amargura de um e o gozo, alegria, ações de graças, favor, vida e cânticos de outro.
O Eden é o nosso destino desde o princípio. Foi ali que Deus colocou o Adão, Adam no hebraico, a humanidade e é ali, às origens de tudo que Ele nos quer conduzir. O pecado afasta-nos de Deus Pai e conduz-nos a Damasco, mas o sacrifício redentor de Jesus, o Cristo, leva-nos de volta para casa, para perto do Pai.
(...), seguindo ele viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu; e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; contudo, levanta-te e entra na cidade, pois lá alguém te revelará o que deves realizar. Atos 9: 3-6
E havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O Senhor o chamou em uma visão. (...) Vai, pois ele é para mim um instrumento escolhido, a fim de levar o meu Nome diante de gentios e seus reis, e perante o povo de Israel.Revelarei a ele tudo quanto lhe será necessário sofrer por causa do meu Nome. Atos 9:10; 15,16
Então, era este o destino de Saulo. Damasco. Era para este "lugar" que ele se dirigia, até que Jesus o interrompeu pelo caminho e mudou o seu destino e a sua história. O seu destino a partir daquele momento mudou. Deus revela-o a Ananias: levar o nome do Senhor perante os gentios, e os reis, e os filhos de Israel (At. 9:15). Isto é tremendo. Um perseguidor de cristãos cujo destino era provavelmente a ruína, o deserto e, certamente, a morte espiritual, agora vai ser pregador. Uau. É isto que Deus faz. Não só com Saulo, mas connosco hoje também. Não importa o que tu foste, importa o que tu podes ser, em Deus.