Há muito tempo que penso em escrever-vos, mas começo a escrever e depois não sei, parece que não é o tempo, que não tenho vontade, que não sei bem como continuar e páro. Há uns dias atrás abri a Bíblia e pedi a Deus que falasse comigo. Tenho vivido tempos de introspeção e de reflexão e sofrido um bocadinho em silêncio e naquele momento sentia que precisava mesmo do poder da Palavra na minha vida. Fui parar a II Reis e li o seguinte:
E disseram os filhos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face, nos é estreito. Vamos, pois, até ao Jordão e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar para habitar. E disse ele: Ide. E disse um: Serve-te de ires com os teus servos. E disse: Eu irei. E foi com eles; e, chegando eles ao Jordão, cortaram madeira. E sucedeu que, derrubando um deles uma viga, o ferro caiu na água; e clamou, e disse: Ai, meu senhor! ele era emprestado. E disse o homem de Deus: Onde caiu? E mostrando-lhe ele o lugar, cortou um pau, e o lançou ali, e fez flutuar o ferro. E disse: Levanta-o. Então ele estendeu a sua mão e o tomou. II Reis 6:1-7
Li outros capítulos, mas estes versos ficaram a ecoar dentro de mim. Fiquei tão curiosa que voltei atrás. Porque é que no meio da história dos reis de Israel haveria de estar ali aquele fait divers? Achei tão estranho... agora até me dá vontade de rir, mas a verdade é que fiquei deitada na cama de luz apagada a pensar que isto não podia estar na Bíblia por acaso. Não podia ser um engano, nem palha para encher, portanto, alguma coisa isto quereria dizer, "mas o quê", perguntava eu a Deus. E li e reli no telemóvel até que percebi algo...
O lugar onde estou, onde estamos, está a ficar pequeno demais. Da mesma forma que uma planta a certa altura do seu crescimento precisa de ser mudada de vaso para poder crescer, há também um tempo na nossa vida em que o lugar (não necessariamente físico, mas espiritual, entendam-me) onde estamos, se torna demasiado apertado para o que Deus quer operar em nós. Há um momento em que é preciso alargar o lugar em que habitamos. Porque ele se tornou demasiado confortável. E porque essa terra já deu o que tinha para dar e já não tem nutrientes que nos permitam crescer e dar fruto.
o lugar em que habitamos diante da tua face, nos é estreito. Vamos, pois, até ao Jordão...
Quando percebemos que já não podemos mais permanecer onde estamos, como estamos, que já não podemos fazer as coisas da mesma maneira e que há mais, então é tempo de ir até ao Jordão. O Jordão que significa "aquele que desce" ou "lugar onde se desce". E como nós precisamos descer... Para fazermos um novo lugar para habitar (e habitação fala de construção, de estrutura) é preciso descer da nossa altivez, descer da nossa arrogância, descer das nossas vontades, descer dos nossos achismos, descer da nossa condição atual e mergulhar, para ressurgirmos preparados para enfrentar um novo tempo, uma nova habitação cheia do Espírito Santo e do Seu poder!