Thursday, August 19, 2010

UMA QUESTÃO DE FÉ


Hoje estava a ler o capítulo 11 de Hebreus e gostei tanto do que li que gostava de partilhar convosco algumas das coisas que me fizeram reflectir.
Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. (He 11:1)

Para os cristãos a fé é algo tão normal (talvez porque é algo intrínseco a um cristão, quer dizer, faz parte de nós, certo?), que acho que nunca pensamos nas implicações que ela tem na nossa vida, nos nossos relacionamentos em geral e com Deus, em particular. Bom, eu pelo menos nunca tinha pensado muito nisso, até hoje.

Antes de ler este texto, aconselho vivamente a ler Hebreus 11. Já repararam como em poucas frases o autor faz um resumo de muitos dos episódios e personagens bíblicas e dos seus feitos? Vemos nesta pequena lista que todos estes grandes homens de Deus citados tinham em comum uma profunda fé e uma obediência cega a Deus e que por isso foram aprovados pelo Senhor e achados dignos de verem as suas histórias contadas no Livro mais importante da História.

Por este capítulo é-me dado a entender três grandes aspectos da fé.
1. A fé é condição obrigatória para se agradar a Deus - Ora, sem fé é impossível agradar-lhe (v.6) 
2. A fé gera obediência - Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu (v.8) 
3. A fé permite-nos alcançar a aprovação de Deus - Porque por ela [pela fé] os antigos alcançaram testemunho. (v.2)

    Muitos defendem que a fé não é palpável, eu acabo de descobrir que não concordo. A fé é sim palpável, ela tem uma existência muito real até. A fé concretiza-se em posturas e atitudes que agradam a Deus e essas conduzem à aprovação divina:


    Entrega (v.4): Sacrifício fala-nos de entrega. Não foi o facto de Abel oferecer mais que Caim que fez dele justo aos olhos do Senhor. Não, o que levou Deus a aprovar Abel e não Caim foi o coração com que este ofertou, porque o Senhor vê a intenção do coração humano. (I Sm 16:7). A fé leva-nos a entregar tudo o que há em nós a Deus, sem medos, sem reservas. Entrega o teu coração ao Senhor.

    Obediência (vs.7,8,17): A fé leva-nos a obedecer a Deus, ainda que tal como Noé, não nos faça sentido nenhum aquilo que Ele nos pede. É importante perceber que no tempo de Noé não chovia, portanto Deus dizer que ia haver um dilúvio era algo extremamente estranho e difícil de acreditar. Apesar disso, a fé de Noé no Deus que ele conhecia foi maior e ele obedeceu a tudo o que Deus lhe disse para fazer. Em tempos de seca, se Deus nos disser para usarmos a última gota de água que existe lá em casa para regar uma planta morta (percebem o ridículo da situação?), a nossa fé deve ser suficiente para obedecermos.

    Dependência (v.8, v.27): Quem tem fé depende de Deus. Quando Deus enviou Abraão a “um lugar que havia de receber por herança”, ele “saiu, sem saber para onde ia”. Abraão não se preocupou com o que havia de comer, ou com o que havia de vestir, ou com o sítio onde ele e a família iriam dormir. Talvez como ser humano ele tenha tido um certo receio, mas ele foi, porque Deus lhe disse que fosse. Pela fé dispomo-nos a abandonar o nosso lugar de conforto e a perder o controlo da nossa vida. Deixamos de depender de nós mesmos, das nossas capacidades, do nosso trabalho, dos nossos dons para passarmos a depender totalmente de Deus. (Mt 6:26)



    Espera (v.11): Quem tem fé sabe esperar pelo melhor de Deus. Não é pelo bom, porque o bom é o inimigo do melhor. Impaciente porque o Senhor não lhe dava um filho, Sara resolveu agir por conta própria em vez de confiar no Senhor e deu a Abraão a sua escrava Agar para que engravidasse por ela. (Gn 16:2). Esta foi uma atitude imprudente da parte de Sara, que não soube esperar pelo tempo de Deus. 
    Claro que Deus não está limitado pelas nossas acções e mais à frente vemos Deus fazer uma aliança com Abraão e promete-lhe um filho. Isaque, filho da velhice de Abraão e Sara, e não Ismael (filho de Agar) seria o filho da Aliança. (Gn 17:21). Há um tempo determinado para todas as coisas e no tempo de Deus Ele nos dará o melhor, só temos de saber esperar com paciência (he 6:15).

    A Bíblia diz-nos que “O menino nasceu no tempo que Deus havia marcado” (Gn 21:2), o que nos ensina que Deus não se atrasa nem se adianta. Então tem fé e espera pelas promessas que Deus te tem feito.

    Confiança (v.17): A fé em Deus faz de nós pessoais especiais, porque temos alguém em quem podemos confiar e, ao contrário do ser humano, Deus nunca desilude, ele é merecedor da nossa total confiança. Não consigo imaginar o que Abraão sentiu quando Deus pediu que lhe desse o seu filho, aquele que era o filho da sua velhice, o seu menino. Por momentos Abraão deve ter ficado em estado de choque. No entanto, rapidamente se terá certamente lembrado de que Deus que lhe tinha prometido que a sua descendência seria como o pó da terra e que estabeleceria a Sua aliança com Isaque. 
    Então Abraão deve ter pensado, “se Deus disse então certamente Ele não é homem para que minta (Nm 23:19), ele há-de fazer.” Abraão não se pôs de joelhos a suplicar que Deus não lhe levasse o filho, ele limitou-se a confiar o seu filho (que Deus lhe tinha dado) ao melhor Pai do mundo. Abraão confiava tanto em Deus que o v.17 diz que “considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar”.

    Se Deus te tem pedido algo que te custa muito entregar, confia no Deus da tua Salvação, porque nada do que tens é teu, foi-te dado com amor pelo Pai.

    Fidelidade (v.23): Fidelidade é um atributo de Deus, mas nós enquanto seus filhos e servos também lhe devemos ser fiéis. E a fidelidade é também uma atitude de fé. Moisés nasceu no Egipto, numa época em que todos os bebés do sexo masculino deveriam ser atirados ao Nilo para que não sobrevivessem (Ex 1:22). Quando a mãe deste o deu à luz e viu que era um menino, certamente não quis matar o filho, por ser sua mãe e o amar, mas também porque temia a Deus e sabia que uma criança é uma bênção do Senhor. Então o escondeu para o proteger. Não podendo manter por mais tempo a criança sem ser apanhada colocou-a num cesto no rio, mas enviou a sua filha para que o vigiasse. O menino acabou por ser adoptado pela filha do Faraó e criado pela mãe verdadeira.

    Aquela mulher israelita teve fé e acreditou que Deus não deixaria que mal algum sucedesse aquela criança. Ela soube ser fiel ao Rei dos Reis, não o do Egipto, mas o de todo o Universo. E na sua fé ela sabia que deveria guardar como um tesouro todas as bênçãos que Deus concedia e protegê-las com a vida. Foi o que ela fez e certamente foi achada boa e fiel serva.

    Curiosamente, o seu filho, mais tarde, manteve esta fidelidade a Deus também, quando recusou ser chamado filho da filha do Faraó. Ele soube honrar o seu Pai e as suas raízes.

    Persistência (vs.29, 30): A persistência tem de ser uma característica de um filho de Deus. Jesus não era um desistente, ele foi até ao fim, mesmo sendo rejeitado por todos. A fé em Deus leva-nos a ser persistentes, impedindo que as circunstâncias nos intimidem. Pela fé atravessamos os problemas, as crises e as dificuldades sem medo de sermos “afogados”. Pela fé, os obstáculos que se levantam contra nós não são suficientes para nos derrubar nem para nos afastar do propósito de Deus para a nossa vida. Atravessa o Mar Vermelho hoje e arrasa com essas muralhas que te querem impedir de chegar à tua vitória!

    (…) pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões. Apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos. E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos (…). (vs. 33-36)

    Pela fé, os que pelejam contra nós saem derrotados; os que nos envolvem em injustiças e que levantam falso testemunho contra nós, serão julgados pelo Juiz dos Juízes e serão envergonhados; os que tentam impedir as nossas promessas, impedem na verdade a sua própria prosperidade. Os que nos atacam com palavras de maldição, com murmuração e com calúnia, serão ferozmente calados.

    Pela fé, os filhos de Deus sobrevivem em situações de desespero e quando tudo indica que morrerão, Deus os salva. Pela fé diz o fraco, eu sou forte (Joel 3:10). Pela fé, os filhos de Deus esforçam-se e no meio das aflições, têm bom ânimo, pois houve um dia um homem que deu a Sua vida numa cruz, vencendo o mundo. Pela fé, aqueles que são aparentemente frágeis e simples afugentam os gigantes que nos tiram o sono.

    Pela fé muitos são maltratados, torturados, perseguidos, até mortos. Pela fé muitos vão pelo mundo inteiro para tentar levar a Luz aqueles que vivem em trevas!
    E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa.Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados. (vs.39,40)

    Pela fé muitos de nós semeiam, outros plantam e outros irão colher (I Co 3:6-9), mas nem todos os que semeiam verão a colheita. É isso que precisamos de entender. Todos precisamos uns dos outros, porque todos sem excepção temos um papel a desempenhar. 
    Cada um de nós é uma pequena peça num grande puzzle e aquilo que fazemos pode parecer pouco aos olhos humanos, mas a função que, individualmente, nos é atribuída, contribui para um bem maior, e faz toda a diferença no sucesso desse grande plano que Deus traçou. Porque nós somos cooperadores de Deus. (I Co 3:9)


    Shalom!

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